quarta-feira, 13 de abril de 2011

Se dermos as mãos, quem irá sacar as armas?


O Brasil inteiro chorou e chora. Ainda está de luto. A situação no Rio de Janeiro parece não deixar de fazer parte dos noticiários e da vida de todos os brasileiros. A violência urbana já ultrapassou todo e qualquer limite, se é que para violência pode existir algum limite aceitável.
No dia 7 de abril, Wellington Menezes de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. De posse de dois revólveres, o jovem começou a disparar contra os alunos e, infelizmente, matou doze alunos, todos menores de idade. Ao que parece, Wellington não tinha intenção de fugir e se não fosse a intervenção de um policial, o incidente teria sido bem mais grave, quando o mesmo se dirigia para o andar superior da escola foi atingido pelo policial e, posteriormente veio a cometer o suicídio. Aparentemente, o jovem buscava vingança contra a escola, uma vez que segundo informações de pessoas próximas o mesmo sofria bullyng. “Massacre em Realengo”. Massacre; essa é a palavra que talvez possa descrever o que aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada. Situações como essas, nos fazem pensar que poderia e pode ser um de nós. É difícil ver que estamos suscetíveis a acontecimentos como esse a qualquer momento do dia, e que até um local que deveria ser de paz e crescimento, se tornou alvo de um lunático que sem um motivo aparente matou crianças inocentes e que nada tinham a ver com qualquer tipo de violência que ele sofrera em sua adolescência.
Até quando isso será manchete em nossos jornais? O medo maior é que isso possa virar “moda” e chegar ao ponto de não mais nos surpreender. Frases e ditados populares exemplificam nossas atitudes diante desta tragédia, mas será que as mesmas devem somente permanecer em anotações. Sempre ouvi a frase: “leve seu filho a Igreja, para não ter que visitá-lo na prisão”.
"Já tive alguns pesadelos na vida, mas nenhum se compara com o que vi hoje. A aula de português estava começando quando ouvimos um tiro dentro da escola. Naquele momento, todos entraram em pânico. A professora deixou a sala para ver o que acontecia e não deu para entender mais nada. Só ouvíamos o barulho dos tiros cada vez mais alto. Foi uma correria. Todos gritavam e tentavam se esconder embaixo das mesas. Logo em seguida, um rapaz de camisa verde e calça preta com um revólver em cada mão entrou na sala. Não tive muita reação. A única coisa que fiz foi levantar da minha cadeira, que fica na primeira fileira da sala. Ele ficou menos de meio metro de distância da minha mesa e começou a atirar. Foi uma covardia. Ele chegava perto dos meus amigos que estavam no chão, demorava um pouco e dava tiro na cabeça, no tórax. Vi pelo menos uns sete amigos morrerem. Não sei como não morri. Fiquei o tempo inteiro em pé e orando. Cada vez que ele parava de atirar para recarregar as armas, ele gritava que não ia me matar. O rapaz berrava: "Fica tranquilo, gordinho. Já disse que não vou te matar". Ele falava isso, carregava o revólver e ia pra cima dos outros. Teve uma hora que ele deixou a sala e continuou atirando do lado de fora. Minutos depois, o barulho acabou. Vi vários colegas feridos, outros mortos, muito sangue nas paredes da sala. Não sabia o que fazer nem como estava vivo. Foi Deus que me ajudou. Logo em seguida, um policial deu um grito. Ele berrava para os alunos que estivessem vivos deixarem a escola. Saí correndo. Só fui parar lá em casa. Deixei até o material para trás. Chorei o dia inteiro, mas estou calmo agora. Não vou ter mais coragem de estudar nessa escola. As lembranças são muito fortes." Depoimento de Mateus Moraes, 13 anos, um dos sobrevivente do massacre



         Estendendo o assunto, o Cyber Café, não poderia deixar de torná-lo debate entre os convidados e ouvintes, trazendo para uma realidade próxima, essa tragédia marcada na mente de todos. Na última quarta, Dr. Luis, Bruna Bartolomei, eu e João Gabriel expusemos nossos pensamentos e conclusões sobre a “pós-tragédia”, levantando pontos importantes de reflexão para sociedade. O programa com teor polêmico teve participação dos ouvintes completando a noite.

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